top of page

Exploração Animal

  • Foto do escritor: Elisa Ferreira Silveira Ninis
    Elisa Ferreira Silveira Ninis
  • 1 de nov. de 2023
  • 3 min de leitura


Eu sou vegetariana desde os 15 anos, e vegana desde os 19. Nunca tive muita abertura para falar com termos gráficos e explícitos sobre a realidade da exploração animal. Na maior parte das vezes porque sei o quanto é incômodo, chato e arrogante falar sobre o assunto. Não é como falar de outros movimentos sociais (sim, o veganismo é um movimento social, não um estilo de vida e muito menos uma mera dieta) como antirracismo, feminismo e as lutas anti-LGBTQIA-fobia. A ferida vai no prato e atropela cenas culturais consagradas e adoradas. Adoradas, porque são seguidas cegamente por serem parte da tradição.

Desconsiderar a cidadania, existência e direitos de mulheres, crianças, pessoas não-brancas, queers, PCDs ou literalmente qualquer pessoa humana que desviasse da imagem do Deus cristão - um homem cisgênero, branco e viril -, também era tradição, mas passo a passo nós a aniquilamos. Cada dia mais as mulheres são vistas como cidadãs plenas, dignas de direitos e líderes. Cada dia mais as crianças são respeitadas como pessoas ao invés de pessoinhas, sic. Pretos, indígenas, mulçumanos são pessoas que sempre foram menosprezadas e vistas como menores no território brasileiro, mesmo suas culturas sendo amplamente difundidas e fazerem parte do dia a dia, inclusive, à mesa.

Na tentativa de reverter um sistema de opressão contra pessoas não-humanas, nomeadamente "os animais", e combater sua exploração o veganismo como movimento se dispõe a abdicar, questionar, apontar e solucionar práticas antiéticas que atentam contra a vida. Soa familiar?; é a mesma lógica de outros grupos que sofrem sistematicamente opressões, violações de seus direitos básicos à vida e usufruto da existência. Tá todo mundo lutando por direitos de fato iguais. E tá todo mundo na merda. Alguns mais literalmente do que outros: 45,9%¹ dos brasileiros não possui coleta de esgoto, e todas as "coxinhas de frango", "franguinhos" ou "peitos de frango" do país chafurdam nos próprios excrementos a vida [encurtada geneticamente] inteira.

Considerar o diferente como errado, feio, pior e menos digno aparentemente é da natureza humana e nos acompanha desde sempre. Isso gera sérios problemas como a violação da vida, práticas eugenistas e um complexo de deus (outra figura mitológica da humanidade, apresentada em diversas formas sobrenaturais de acordo com a região onde foi inventada). São criadas diversas justificativas dentro dos textos sagrados para justificar o estupro e assassinato de animais. De sacrifício à conexão com a natureza, é compreensível que num passado distante e em contextos sociais distintos a exploração animal tivesse de ter sido legitimada por uma força maior: ninguém em sã consciência seria capaz de violar e assistir de camarote à violência de outros seres que sem sombra de dúvida estão sofrendo.

"Sofrimento" aqui se refere à capacidade de perceber e reagir ao ambiente ao redor. É melhor definido pela palavra SENCIÊNCIA, capacidade de sentir. Ainda que não saibamos o que uma vaca leiteira pensa e sente, certamente ter um braço inteiro enfiado dentro de você, uma gestação que você nunca pediu e ainda ver seu filho fruto de uma violação sendo levado embora para descarte como se uma vida fosse um objeto de plástico de péssima qualidade não são boas vivências. Não é preciso muito para enxergar isso, basta abrir os olhos e ver.

n eh maravilhoso que no sec em q vivemos possamos escolher n participar dessa exploração? basta tretar sobre alguma coisa aqui e aí mais demandas da unb



1: média brasileira em 2019, de acordo com o relatório SNIS - Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos p.62 Quadro 6.1 disponível em: http://www.snis.gov.br/downloads/diagnosticos/ae/2019/Diagnóstico_SNIS_AE_2019_Republicacao_31032021.pdf acesso em 20/08/2021


***

A opinião da autora não necessariamente e nem se propõe a representar a opinião de todo o movimento vegano. Infelizmente, sim, existem por aí vegans racistas, machistas, meritocratas, LGBTQIA-fóbicos, capacitistas...




É vedada a reprodução desta e todas as obras do site sem o consentimento explícito da autora com base na Lei Nº 9.610 de 19 de fevereiro de 1998 (Lei dos direitos autorais). Para mais informações entre em contato por email contatobyebytes@gmail.com .

Comentários


bottom of page